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segunda-feira, 25 de maio de 2009

PROJETO SAPATARIA

Depois de horas rodando, completamente perdidas, finalmente achamos o casarão no Morumbi. Um alívio, pois já estava ficando entediada. Estacionamos o carro, olhamos ao redor e avistamos algumas pessoas chegando. Na entrada, um segurança e uma hostess. Ela nos pergunta se estamos com o nome na lista, nós confirmamos. Na porta, de repente aparece um rosto conhecido. É a DJ que vem nos receber, fico meio escondida atrás de minha amiga, tentando disfarçar, porém ela me vê e comenta: - Nossa, olha quem apareceu! Tudo bem? No momento, fico super sem graça e mau consigo olhar em seus olhos. Ela nos dá as boas vindas e entramos na festa. Adentramos no casarão, ainda haviam poucas pessoas. Olho, para todos os cantos procurando por alguém conhecido, não encontro ninguém. Enquanto isso, reparo que há pouquíssimas pessoas fantasiadas e dou graças a Deus por não ter ido também. Minha amiga fala para irmos pegar uma bebida, vamos até o bar e compro um whisky. Fazia tanto tempo que não bebia um, que no primeiro gole entro em êxtase, só consigo apreciar o delicioso sabor. Depois de “abastecer”, voltamos para a sala principal, há um grupo de pessoas paradas conversando próximo as escadas. No meio daquelas pessoas avisto alguém conhecido que eu não via há algum tempo. Primeiro levo um susto, jogo o corpo para trás e arregalo os olhos - com certeza ela percebeu minha reação de espanto -, depois a cumprimento e continuo indo até a sala. Comento com minha amiga, que aquela pessoa havia sido um affair do passado e que eu estava espantada com o quanto ela estava diferente. Nunca pensei que um dia ela fosse mudar tão radicalmente. Porém, o mais estranho é pensar que jamais imaginaria encontra-la depois de dez anos em uma festa em São Paulo. Dez anos que nos conhecemos e oito anos que mal nos cumprimentamos. A vida nos levou para caminhos diferentes, nos desentendemos várias vezes e hoje nos falamos na base do cinismo. Eu acho bem chato essa situação, gostaria que tivéssemos uma relação social no mínimo cordial, seria mais agradável para todos. Minha amiga encontra algumas pessoas conhecidas e ficamos em uma roda com elas conversando. Há diversas pessoas interessantes na festa, mas ainda não me sinto preparada para interagir. Aliás, desde que cheguei em São Paulo, estou com a síndrome de interação, não ando conseguindo me socializar com as pessoas. Não sei bem ao certo o que anda acontecendo comigo, só espero que seja uma crise passageira. Vamos para a pista, dançamos um pouco e subimos para pegar mais bebida. Vejo a DJ toda a hora, correndo de um lado pra outro, conversando com todos da festa. Confesso, que fiquei balançada, depois de nosso caso louco ainda fiquei com uma paixonite aguda por um tempo. E vê-la ali depois de alguns anos, isso mexeu comigo. Ela continuava tão atraente quanto antes. Sempre que ela se aproximava meu coração disparava e sentia um frio na barriga. Tentei até conversar com ela, mas como sempre, ela arranja uma desculpa e sai correndo de mim. Desisto dela e vou no banheiro. Na fila na minha frente, está meu ex-affair de dez anos atrás com a namorada – que era uma pessoa bem estranha – ela resolve fazer graça e fica se agarrando com a namoradinha, numa tentativa de se mostrar ou algo do tipo. Fico super sem jeito e tento evitar olhar para a cena, olho para o outro lado e vejo a DJ sentada, conversando com amigas e olhando para mim. Nossos olhares se cruzam, ela disfarça e desvia o olhar. Volto a olhar para a porta do banheiro, finalmente a pessoa que estava dentro sai, meu ex-affair entra com a namorada. Fico encostada na parede, elas demoram e resolvo bater na porta. As duas saem e minha ex fala pra mim: - Bi, que cara de brava é essa? Na hora tenho vontade de responder: depois de tantos anos ainda não acostumou com minha cara? Mas, não consigo, ignoro e entro no banheiro. Fico puta, pensando de onde ela tirou tanta intimidade pra me chamar de Bi e porque ela precisa ser tão cínica. A única coisa que me resta é descer e ir dançar. Na pista tento abstrair tudo, fecho os olhos e mergulho em um universo paralelo, esqueço tudo, só consigo seguir o ritmo da música. Mais pro fim da noite já estou completamente bêbada e carente. Estou na sala principal, uma garota sorri e vem em minha direção. Conversamos um pouco, não lembro sobre o que, mas não me esqueço do comentário final: - Você tem uma cara tão arrogante. Isso é coisa que se fale pra alguém que você nem conhece? Na hora, veio em minha cabeça, que talvez fosse esse o motivo por eu não conseguir interagir com as pessoas. Mas o que eu poderia fazer, uma plástica? Pego meu último drink da noite, me aproximo de minha amiga e conversamos um pouco. Aquela altura, estava muito bêbada e frustrada e faço a grande besteira de dar em cima dela . A sorte que ela é compreensiva e ignora a situação. No fim vamos embora, eu frustrada e ela também.

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